Com vinte anos de idade, fui trabalhar como auxiliar de escritório em uma imobiliária. Ganhava pouco, mas me contentava.
Meu patrão, no meu primeiro dia de trabalho, me levou ao banco para pagar as contas. Ele me dixou na porta, porém, o banco já estava fechado, bati na porta, chamei o segurança. Só que infelizmente eles não me deixaram entrar. Fiquei sem saber o que fazer, porque não tinha em mãos um cartão telefônico. Peguei o ônibus com o malote e voltei para o meu trabalho. Quando cheguei, sem efetuar o pagamento, meu encarregado perguntou o que havia acontecido e contei-lhe tudo. Imediatamente ele chamou o patrão por telefone, este volta rapidamente e grosseiramente me disse:
- Por que você voltou, sem efetuar o pagamento?
Eu com meu jeito meigo e simples disse:
- Não me deixaram entrar.
- Por que não me ligou? Disse ele nervoso.
Fiquei assustada, pois nunca havia passado por uma situação assim. Nem meu próprio pai me tratou com tanta groseria. Então lhe respondi:
- Eu não tinha um cartão para ligar e não sabia o número do telefone.
Ele todo cheio de si, olhou em meus olhos, segurando um simples vale transporte na mão, falou:
- E agora quem vai pagar as multas por atraso? Vou levá-la novamente, mas você acha que merece isto? Vou te dar outro vale mas não deveria.
Colocou o vale transporte diante do meu rosto, aquele mízero passe, que valia apenas 0,75 centavos, na época.
Voltamos ao banco, ele chamou o gerente e disse que era cliente há muito tempo, porquê não atenderam sua funcionária? O gerente alegou que o banco estava fechado.
Estava magoada pelo ocorrido, cheguei em casa e caí aos prantos. Só que não desisti de trabalhar lá, mesmo com toda humilhação. Permaneci ali por três anos, até que fui mandada embóra. Passando se um mês, não conseguindo encontrar outra funcionária com minha competência , me contrataram novamente. Aquela que foi humilhada, agora se sentia feliz, porque, ele com sua arrogância descobriu o quanto eu era importante em sua empresa. Pensei muito em voltar, mas voltei, e continuei dando o meu melhor.
Passando se mais dois anos, indiquei um rapaz para trabalhar de office boy na empresa, que éra irmão da minha melhor amiga. E nos apaixonamos, meu patrão não aceitava casos dentro da empresa. Toda vez que a gente estava almoçando, ele passava a nos vigiar e abria a porta da cozinha abruptamente, para ver se nós estavamos namorando. Um dia impôs a nós o casamento, porque fiquei grávida, coisa que não estava em nossos planos nequele momento, nos convenceu que pagaria todas as despesas e que não teriamos nenhum gasto. Nos levou ao cartório, dando entrada no casamento, ele foi uma das nossas testemunhas, juntamente com um estranho arrumado na hóra, lá mesmo no cartório. O casamento foi marcado para o dia 17/02/2001, enfim o patrão parecia feliz.
Nos casamos, o patrão não compareceu ao casamento, não deu se quer um presente, e para nossa surpresa, descontou todas as despesas do meu 13º salário, no final daquele mesmo ano. Fui enganada.
Tirei minha licença maternidade, quando voltei para trabalhar fui mandada embora. Meu esposo permaneceu lá, somente por mais um ano e arrumou outro emprego. Não podia continuar com aquele salário mínimo, pois agora tinha uma família para cuidar e uma esposa sem emprego.
Hoje estamos felizes, temos nove anos de casados, três filhas e muitos projetos pela frente.
Silvia Moraes
Isso é uma ficção, né?! De tão bem escrito, quem lê fica em dúvida!
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